quarta-feira, setembro 20, 2006

O nosso não é pior do que os dos outros, mas com os deles posso eu bem...

As birras...
Desde sempre que, quando via um puto a accionar a apitadeira na rua, pensava que deviam ser os pais que não sabiam como lidar com eles... e é bem verdade... Agora, o problema é: o que é que eu não sei?
O que fazer quando se passa por uma daquelas máquinas horrorosas em forma de abelha, cavalo, carro, helicóptero que estão à porta dos cafés e nos centros comerciais e o puto quer que a gente ponha a moedinha para ouvir a música roufenha da Pipi ou da Joana come a papa e andar aos solavancos e nós queremos é despacharmo-nos porque temos de ir fazer o almoço ou o jantar ou simplesmente queremos beber um café descansados?
Ora aí está uma palavra "descansados" que praticamos cada vez menos quando saímos com o ZP.
Ora é a birra no café porque quer ir para a rua sozinha, ora a birra no supermercado porque quer correr pelos corredores fora... ora é...
Bem, estou-me a queixar mas não é uma coisa que não se consiga resolver, o problema é que, às vezes, a paciência acaba-se.
Descobrimos que uma das formas de conseguir ir beber café descansados é levar os lápis de cera e um papel ou um livro de pintar e assim ele entretem-se o suficiente para conseguirmos beber um café ou até tomar o pequeno-almoço. Para o supermercado ainda não arranjámos solução... se bem que a ideia do ZdaD de ir passear com ele para o peixe e para as frutas para lhos mostrar e ele aprender os nomes é fixe... Agora o problema é que em todos os supermercados acaba sempre por haver qualquer coisa do Noddy ou da Dora ou dos Little People... ou uma xiqueta (bicicleta)...
Há dias em que me passo completamente... e nem acredito o que me calhou na rifa... porquê?... estou a pagar por quem, se eu era uma menina bem comportada na rua?
Há dias em que o ZP faz cada birra na rua que parece que está possuído!!!
Há dias em que juramos que nunca mais saímos de casa com ele!!!
Há dias em que ele se porta bem como o caraças...
Alguém me explica como é que funciona?
Que temos de fazer? Ser mais rígidos, ser mais tolerantes, fazer as vontades, não fazer nenhuma?
No outro dia dei por mim a virar-me para uma mãe de um miúdo de 18 meses e dizer "O nosso não é pior do que os dos outros" e pensei para mim "iá, mas com os deles posso eu bem...".

Bem, vai-se conseguindo levar, é pena que ninguém saiba dizer-me qual é a solução. Aliás, uma das coisas que eu descobri desde que sou mãe é que há muito pouca gente a saber dar-nos soluções. É isso que me conforta. Eu sei tão pouco como os outros, o que já não é nada mau para a auto-estima...

;-)

6 comentários:

Dina Almeida disse...

Cada um contenta-se com o que tem e não quero dizer com esta posta que o ZP não é um filho maravilhoso, o problema é que é complicado não saber como solucionar o problema das birras, e é aquela coisa de que falamos há tanto tempo: nunca sabemos o que é que pode vir a influenciar o comportamento deles no futuro... E isso é o mais "assustador"...

blimunda disse...

é complicado é. eu ainda não entrei nessa fase mas já me passo às vezes com a ginga que coitada só gatinha...

josé cunha-oliveira disse...

retrato certeiro. dos pais, dos filhos e dos receitadores de soluções.
cada filho é um filho, logo cada pai é um pai.
ficamos para ver o resultado final. a maior parte das vezes é mesmo bom.

Dina Almeida disse...

Seja bem-vindo viajante a esta minha humilde casa virtual.

Quanto ao resultado final, esperamos que sim... até nem deve ser tão difícil quanto isso, nós é que complicamos!!!!

josé cunha-oliveira disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
josé cunha-oliveira disse...

o papel do pai e da mãe é ter um papel, não é fazer de conta que o tem ou passar a pasta aos tais fazedores de soluções.
os filhos precisam dos pais para se defenderem de si mesmos, da sua irrequietude e voracidade. e para que os defendam dos outros e do resto. precisam de um roteiro para a vida. não importa qual,importa um.

precisam de saber que alguém controla os momentos de contenção e os momentos de generosidade e que sabe o que faz e é consistente.
seria uma enorma tortura ter que arranjar uma solução descartável para cada caso e momento. o que interessa é uma atitude global consistente.
os pais actuais são tão bons ou melhores (seguramente melhores!)que os pais do passado.
é uma tolice pensar que seja preciso "inventar novos pais".

mas a verdade é que, estando a ser sistematicamente destruídos na sua auto-confiança e auto-estima por uma orquestra bem afinada de discípulos de Frei Tomás, os pais sentem hoje toda uma série de incertezas que os faz sentir imperfeitos e "mal-inventados".

e pronto, birra é birra. e tem sua fase. o resto é hipocrisia social.
adorei as birras genuínas do ZP.e o efeito delicioso que provocam. quanto à vossa "casa virtual", é um "must"